
MARGENS E ASAS
Data 05/04/2010 09:33:58 | Tópico: Poemas
| Ah, quem dera o meu descobrir não vislumbrasse brilhos esquivos, daqueles que nos fazem sentir a opacidade da nossa margem!
No meu lado, mato inculto, Cresce o medo em descaminhos, Uivam canas em tumulto, Praguejam ventos daninhos!
No lado de lá, o sonho A alcance do sentimento, Um jardim que não transponho Porque me foge no vento!
Encho o meu olhar da cor Dos lírios que me acenam, Em vozes doces, de odor A frutos que se invejam...
Tão perto parecem ser, Tão cheios de encanto e vida! Que parecem engrandecer A aridez da ravina!
Ah, quem me dera não ver A outra margem do rio! Quem me dera não verter As lágrimas que são seu fio!
À beira do precipício, Órfã de pontes e asas, Navego cores em solstício Em mares que me extravasas...
Mas,
Se por instantes apenas, Meus olhos em mim repousam, Mais vis são as minhas penas, Que voares d'asas não ousam!
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