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Data 25/03/2010 01:10:11 | Tópico: Poemas



Os versos saem-me das entranhas, rompem a placenta do sofrimento

Vestem-se de cores estranhas, adornam-se de bijutaria na palavra

Apesar de me doer essa transfiguração, em todas as horas lhe acrescento

Pingos de sangue, são as minhas dores que mergulham na agua

A pele de que é coberto, o meu fracassado verso

É uma pele suja e rugosa, por onde jamais entrará a claridade

Disfarçada de obscurantismo, a pele dos meu verso é arreio

Com o qual, amordaço a palavra em franca insanidade

A insanidade de quem escreve e não sabe a força de que é feito

O vendaval que anuncia o ventre dilatado, no verso que derrama

Estranheza no olhar daquele que não entende o jeito

Com que o poeta que não é poeta, tropeça na raiva ,se estende na lama

Lama revigorante, tratamento anti rugas, do verso contrafeito

Cai em queda livre mergulha em cataratas de agua barrenta

Em busca constante vagueia de espírito refeito

Os versos saem-me das entranhas, deixam de ser meus, estranha ferramenta

Que utilizo, a meu bel-prazer, foi Deus ou o Diabo que me abriu o peito

Foi o sol de Agosto, o homem do campo, esta terra maldita

Alentejo em brasa, filho congénito, nas mentes embriagado, povo faminto

Foi dessa cepa, que ganhei raízes, que criei matizes de poeta proscrita.

Antónia Ruivo






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