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Data 25/03/2010 22:56:49 | Tópico: Poemas
| A dor que me afaga o peito É uma dor morna, sem simetria Esta dor, tamanha dor, quem diria Que a sinto e tão mal a vejo Não porque não quisesse, eu sabia Sabia, que ela me mataria um dia Olho-a pela nesga com despeito Pela nesga em que o sol me fugia Esta sim estranha simetria O sol a fugir do olhar, ai como fugia
E eu afogada na dor Coração aos saltos, travo na boca Salta, salta coração, deixa-me parecer louca Louca de raiva, e de medo, um tremor Assola-me a alma já gasta, coisa pouca Pensarão os que me virem, vai louca, louca E… nesse instante, a dor vestida de estopa Troca-se por fina roupa Não quer chatear o mundo, prego e estopa São coisas banais, mas são rigor A dor que é obra sem autor Mesmo sendo dor sem clamor É um verso, numa voz rouca.
Antónia Ruivo
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