No verso, o amor

Data 26/03/2010 17:38:29 | Tópico: Poemas

Passas-me à minha janela,
como quem não quer a coisa,
de pretexto, a bagatela
de ver onde meu'lhar poisa...

Indiferente, a fingir
que passaste por acaso,
não vá eu de ti me rir
e disso não fazer caso.

E ainda afinas os lábios
num assobio brejeiro,
a uns certos olhos cálidos
qu'acenam doutro quinteiro.

Julgas fazer-me ciúmes!...
Mas eu, ah!, espalho o olhar
para um monte de estrume
que m'apetece atirar-te!

Isso, olha-me de soslaio!
Na latada a uva pinta,
mas nos teus dentes não caio,
morra eu antes que minta!

Que eu não sou pr’o teu bico,
antes à míngua finar,
mas se me der o fanico…
(ai!...)
a culpa é do teu passar!...



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=125626