SE VIER
Que rumo dar à saudade
Se ao meu encalço vier?
Qual será meu benefício 
Se a seus pés eu me render?
A meta é sempre o início
Duma luta de morrer! 
Que faço eu da loucura
Neste abraço proibido 
Sem palavras, sepultura
Amordaçando o que digo? 
Tímido búzio, ventura
Aguardando teu ouvido. 
Em que direcção me aguço
Se vieres sem marcação? 
Onde afogar o soluço
Que nasceu sem ter razão?
Sobre este sonho debruço
O que fecho em minha mão. 
Em que chamas vou arder 
Se o diabo não venero? 
Que mentiras devo erguer
Se a justiça é meu império?
Vieste pra me perder
Mas não é isso que quero. 
Será duro meu condão
Neste prenúncio, castigo 
Trazes no peito a ilusão
Acesa, veneno atido. 
Não chegues desilusão 
Meu sonho não é contigo. 
Meu sonho tem utopia
Num mar ferido, rasgado 
Florestas de fantasia
Esquecidas do velho arado,
Não venhas negra magia
Já t’enterrei no passado!
   
Regensburg
 Beija-flor