Parti com meu peito partido, para partes de lugares sempre esquecidos. Inebriado o meu olhar, insensato o meu sorriso, parti com meu peito partido.
Parti com os meus ideais vendidos, sou um homem estranho de espírito cansado e vencido. Um ser esquisito, de moral utópica abatida com os olhos de choro embebidos ou beija-flor do deserto que corteja a flor perdida.
Sugo o néctar seco do castigo e me sacio com o acre sabor da ferida!
Parti com meu sonho partido para partes de um templo esquecido. Poeira sufoca no ar, buracos tropeçam no piso, pois parti com meu peito partido.
Parti com os pés escarnecidos, sou andarilho mundano de passos tortos e indecisos. Um ser promíscuo, viajante imprudente da vida com os punhos de sangue tingidos ou beija-flor da cidade que corteja a flor apodrecida.
Sugo o néctar carbônico dois sentidos e me atingem com uma bala perdida.
Rio de Janeiro, 31 de outubro de 2002.
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