Antipoema (Ou Meu Corpo Pálido)

Data 29/03/2010 01:49:47 | Tópico: Poemas

Faço de meus lábios um labirinto,
palavras soltas e abstratas.
Queres amar meu corpo pálido,
a tez de marfim de carne flácida.

O meu sorriso embriagado,
o meu olhar atroz perdido,
meus versos mortos, vis, inválidos,
o meu querer tão indeciso.

Vaga o tormento acre e esquálido.
Queres sentar em meus desígnios,
queres amar o meu cadáver,
num tom de cólera fino e plácido.

Faço dos meus planos um antipoema
de um livro velho e rasgado,
de um poeta louco, vate poeta,
com um tema insípido e castrado.

São Gonçalo, 2003.



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