Faço-te falta

Data 30/03/2010 12:56:03 | Tópico: Poemas


Faço-te falta, na delicada água, escorrida no ser,
ribeira mansa, que passa, deixada à ferrugem velha,
amadurecido cantar na surdez abrupta,
encolhida, na encosta, apodrecida em lágrimas.

Gota a gota, meu sangue esvai-se, lento, lúgubre,
um casebre de telhados vãos, desfeitos.
Uma noite, intensa, desfolhada em cãibras, no toque.
Minhas mãos nas tuas,
que belo sinal, que paz interior intensa,
um prazer de deleite, saboreado na curva do corpo esguio,
que se levanta, torpe, um Lázaro, da tumba mórbida.

O pensamento enfeitiça-me, leva-me para longe de ti,
os olhos esquecem-se, saboreiam-se como beijos,
que se esfumaçam nas esquinas,
da quebradiça e amontoada chuva nos campos férteis.
Despede-te, jamais para sempre,
despe-te, da roupagem envelhecida,
ergue-te, bem acima de mim



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