
Radiografia Intíma
Data 31/03/2010 00:06:32 | Tópico: Poemas
| Radiografia Intíma
Quem sou eu agora? Eu já não mais me reconheço Cresço! Envelheço! caío do berço destruo o terço rolo a sarjeta atravesso às cegas desligado hipnotizado por um recente romance ou impaciente displicente para fugir da dor da solidão e ainda vejo a baixa infância: as ladeiras e ruas sinuosas com as suas calçadas supersticiosas a inocência sempre posta à prova as divertidas brincadeiras: pula pula pega pega bate bafo bola e pião E agora vem o tempo sem remorsos - senhor invisível - a esfregar esse mundo sujo em meus olhos cobertos de ramelas de químeras Um mundo infestado de traições e guerras de intrigas sem tréguas Quem sou eu agora? e quem eu era além da espera? Eu já não mais me reconheço Estou tão fora dos planos de outrora Fora de foco das órbitas encantadas de olhos infantis e ao mesmo tempo dentro de um tempo que eu sei mas reluto em admitir que não pode mais existir! Quem sou eu agora? A memória que explora que cava e maquia o passado nem sempre passado a limpo
Juventude transviada! energia mal dosada! O limbo nos muros presentes denunciam o embuste que arrogante enruste a verdade nua dos fatos
Quem sou eu agora? a dúvida atroz o meu próprio algoz o arsenal maquiavélico para se enganar a si próprio Um James Dean fora de hora veloz ou um monge lesma que chateia a minha aldeia um resto de esperança um rastro de amor uma chama que vacila quando a minha mão treme e o meu coração oscila entre o desejo que o escraviza ou entre a renúncia que o sublima
ainda vejo alto a compreensão da vida mesmo ferida mesmo retalhada
Carlos Gutierrez
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