COMO FINGE O POETA

Data 31/03/2010 18:36:37 | Tópico: Poemas -> Amor

COMO FINGE O POETA



Deixa-me rasgar esta solidão doentia
Que se cola à minha pele e faz doer!
Deixa-me olhar o céu e chorar…
Que um deus qualquer me sirva de consolo
Com palavras duras e arrepiantes!
Que retalhe o que resta da minha alma
Tão farta do mundo e desta gente!

Em que mundo me colocaram
Para expurgar tudo o que não sei?
Quem lerá por dentro desta alma
O grito dilacerante
Arrepiante
De um Judas traído por um Cristo rei?

Fito o sol…
Perco-me no embaciado brilho
Que já nem cega
De tão desbotado e triste…
A noite apenas arrefece a alma…
Nesta amargura
Nem ela existe!

Qual dor?!?
Acaso alguma dor
Preenche os penhascos da minha tristeza
Com brisas e aragens macias e mornas?
O vento sul já não sopra…
As marés estagnaram…
No indefinido do meu luto
Apenas um acordeão de homens e mulheres
Sisudos
Problemáticos
Distantes
Marca presença em tudo!

Quisera que a alma gritasse
Até ensurdecer o alcatrão do caminho,
Sublevasse as pedras presas ao chão
Deste errante caminhar sozinho!

Mas quem sou eu?
Uma sombra…
Apenas uma sombra sem gritos…
Uma sombra
De sóis aflitos!


antóniocasado
30 Março 2010







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