O INSONDAVEL PRINCÍPIO

Data 01/04/2010 22:18:40 | Tópico: Poemas -> Reflexão

O INSONDÁVEL PRINCÍPIO

Eu tive o sonho de ir ao princípio
Por ventura de tocar Deus
De entrar nas entranhas
E as minhas mãos feitas gadanhas
Rasgarem não as vísceras
De flagelada deglutivel criatura
Mas os interstícios
Da imensa celestial abóbada.
Foi árduo, não me foi fácil
Mas sedentas, ansiosas
As minhas mãos se abalançaram
E à sonhada tarefa se entregaram
De as primícias rasgarem do Infinito.
Estrelas arrebanharam
Cometas desviaram da ancestral rota
Do grande sol a luz apagaram
Mergulhando eu em vertigem
Na noite escura.
Ousado foi o meu caminhar
Mas não tardou que do meu sonhar
Uma luz brilhasse lá no fundo.
Eis que o milagre acontece
Quando inusitado cogumelo
Prenhe de luz força e calor
Imerge do fim do mundo.
Os meus olhos se deslumbram
E no meu pueril pensar
Julgo amarfanhar
O famigerado Big-Bang.
Quando as minhas mãos pensam tocá-lo
Na sua ígnea estrutura
Numa vertigem ele se afasta
Para o sem fim do universo.
Ficando a luzir
Fora da distância e do tempo
E longe
Do infantil sonho do homem.

Antonius









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