SUBIDA Á MONTANHA

Data 02/04/2010 23:59:53 | Tópico: Prosas Poéticas

SUBIDA Á MONTANHA

O amor é uma montanha. Fascínio de montanha. Alterosa, a destacar-se no meio da cordilheira. Mas agarrar o amor é chegar à montanha, mas à base da montanha, que o amor só se dá na medida em que se sobe, com arroubo contido, com subtileza, com ânsia, mas contida ânsia. A montanha do amor termina num pico. A sede do amor cria obstinada ânsia de tocar o pico da montanha e tocá-lo é viver do amor o instante maior pois que logo a vertente contrária se incumbe do deslize e da queda que envolve risco. O verdadeiro amor estará não tanto no pico da montanha, que é efémero, mas na subida gradual da mesma, ainda que com ímpeto de ascensão incontidos. É que o amor não é um planalto que se nos depare no cume, mas um objectivo que se almeja e que se vive na medida em que se acende na caminhada que às vezes tem o seu quê de árduo, de espinhoso. A montanha do amor tem a forma de uma mulher, bela, morena, escultural, ainda que estas virtualidades variem com a perspectiva dos olhos que a olham, de onde o menos belo pode não ser tanto como isso e o mais belo tanto como isso pode não ser. O que conta é o quanto se gosta, é o deslumbramento que jorra de dentro de nós, é o encantamento, é o almejar do sublime, é quase o infinito, de alguma maneira é perscrutar Deus.

Antonius



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