ECLIPSE
Coração, como o vento
Nos toscos d’algum riacho
Retornos deste tormento
Que não procuro, mas acho.
Vêm de leste, me consomem
Os fantasmas da aliança
Começo a sentir-me homem
Mas o medo?
É de criança!
Cabelo ao vento, loiro
Flamejante estremecer
Nostalgia na arena, um toiro
Adivinhando morrer!
Penetra-me no coração
Esse sussurro evasivo
Levando-me a solidão
Deixando-me o paraíso!
E foi além do tempo
No precipício da dor
A nobreza do momento
Coroado por amor.
Tocaste-me a face nua
Nanaste em meu lençol
Assim te amei, lua
Assim me amaste, sol.
E entre veras passou
Para que o Mundo visse
Assim amor, se consumou
Nosso magistral eclipse!
Regensburg
Beija-Flor