GAVETA

Data 07/04/2010 21:24:26 | Tópico: Poemas

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GAVETA

Sou de palavras pouco agraciado,
Esculpo simples coisas no papel.
Estados de alma, equiparado
Com o doce sabor do fel...

Divago entre os dedos e a caneta,
Que comanda afinada a poesia.
Sonhos guardados na gaveta,
Do sonho, do amor e d'alegria

Travo uma passa no cigarro,
Acalma a intempérie atrevida,
Atenuo a esperança onde m'agarro,
Por de mim ser, a ultima perdida...

Molho meus olhos com desejo,
Num rio que não corre pró mar.
Partiste e deste-me um beijo,
Que vou na gaveta fechar.

Paro um momento e escuto,
Exausto do silêncio nitente...
Colocas-me na alma o luto,
Que ofereces de presente.

Sinto o troar do vazio,
Que é tão doce e aprazível,
É o mar que corre pró rio,
Tudo o mais é impossível.

Cai a mascara em pedaços,
Puzzles que não montei,
Ficaram em mim espalhados,
Quando a gaveta fechei.

Nesta atónita vida de quimera,
Sou a semente ao abandono,
Que nasce na primavera,
Depois de morrer no outono.

Reconforto a boca na cerveja,
Argumentando a sede secular,
Boca triste que ninguém beija.
E o rio não corre pró mar.

Pelas masmorras me deleito,
Entre a pá e a picareta,
E tranco tudo, a respeito
É meu peito a tal gaveta...

REGENSBURG
BEIJA-FLOR




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