Sabe, as vezes não dá para respirar. O ar carregado, pesado, denso, invade os pulmões abrindo caminho à força e se instala incômodo como grãos de areia numa ampulheta. Sabe, o mundo já foi mais sutil. Não há trilhas dentro do próprio caminho e o sol se pôs, e escurecendo mais cedo do que se esperava... Não há lua ou estrelas que iluminem a noite. Ah, já me atirei de sete abismos, mergulhei em sete garrafas de run, rezei sete vezes para os anjos me levarem e sete corvos prometeram devorar os meus olhos. Sete vezes tentei enxergar e não vi um palmo além de minhas promessas.
Sabe, às vezes não dá para existir, é melhor calar do que gritar derrotas. Mergulhar dentro de si mesmo e tentar buscar a saída, vendo com o tempo, que o corpo não é um templo e sim, uma prisão de sonhos engavetados.
São Gonçalo, 22 de março de 2009.
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