vomitados da vida

Data 09/04/2010 16:12:02 | Tópico: Textos -> Crítica


os cavalos passam por mim em galopes oscilantes. parecem cansados. trazem nos freios os travões de uma vida - pelos dentes caiem-lhes pedaços de raiva. talvez porque ainda puxem o passado - penduradas nas orelhas correm as conversas da velha - agora que declara o ardor que em tempos não foi capaz de dar – o feno doirado alisado pelo vento que se dizia de sul são hoje fardos de palha para a puta da cama que um dia não me aconchegou com a vida – ainda te gosto. mas estás muito gasta. como eu. como os cavalos. como as orelhas furadas de tantas vezes emprenharem – és agora existência desvirginada. mesmo cansado sei.o – doido varrido? agora não! – talvez apenas tempo avelhentado – sei que para além da raiva que vês cair, por dentro goteja sangue – é neste que submerjo as palavras que escrevo, é na cor do vomitado que a obra do diabo dará corpo ao meu sentir. invoquei satanás faz tempo. agora estou vendido – és agora a velha vida. gasta pela própria vida – gastos pela mesma vida.
ADEUS.
ADEUS.
ADEUS.
ADEUS – sente essa sela sozinha onde ainda cavalgam os teus desejos sórdidos. serve.te da agonia nascida no teu ventre. és vida parida em desejos impuros – estou noutra dimensão. de ti VIDA. já tirei a minha própria vida.




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