Anseio da manhã no meio da noite longa...

Data 23/07/2007 16:52:43 | Tópico: Prosas Poéticas

Mergulho no breu que se estende à minha frente
Apalpo o chão que me falta em cada passo que dou a medo
Não tenho outro remédio...
A noite alonga-se em redor da volta lenta dos ponteiros do relógio preguiçoso.
Escuto uma voz que me persegue em cada minuto das horas que não passam.
Um eco que me chega em surdina e se repete vezes sem conta.
São três da manhã de uma noite sem fim...
Dou por mim a fitar o relógio que me olha descarado lá do alto
Pendurado no lado avesso da parede erguida em frente de mim.
Tem ponteiros matreiros que nem se movem...
Estará avariado? Parece que sim!
Estremeço, quando um som familiar de objectos largados à bruta na minha mesa arrumada
Me chama ao mundo real e me lembra o porquê de estar ali!...
Lanço um último olhar ao meu alvo habitual...
Afinal, os ponteiros matreiros haviam-se mexido sem que eu desse por isso!
E a noite havia-se escondido no lado oposto da manhã.
A mesma manhã que nasceu no meu anseio, muito antes de ter clareado...


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