
HOMENAGEM A SAFO
Data 13/04/2010 14:57:27 | Tópico: Sonetos
| 1
“em taças de ouro.” Beber à farta Sorte descarta Ancoradouro Vivo tesouro Nunca se aparta Relendo a carta De vós me douro, Seria tanto Quanto tivesse Imensa messe Sobejo canto Sabendo enfim Do amor em mim.
2
“que tão graciosa serves para a festa,” E tanto quanto pode engalanais Vencendo com ternura os temporais O amor quando demais sempre nos gesta Não posso perceber qualquer tempesta Se em tanto tempo vivo tenho um cais E nele com certeza derramais Beleza sem igual ao sonho empresta A senda mais sublime dita a vida E dela se prepara a tão ungida Vontade de seguir vosso caminho, E quando mais encontro a correnteza Amor se transformando em fortaleza Dos deuses, neste instante eu me avizinho...
3
“e dá-me um pouco desse claro gozo” Sabendo desde quanto muito quer Quem conhecendo a fundo uma mulher Desfruta deste mar que é tão formoso E bebe cada gota e tanto sabe Diversidade transformando então O quanto posso neste tanto ter Vivendo sempre o divinal prazer Singrando tenras luas cevo o grão Sobeja glória divindade em vós Servindo tanto quanto posso além E sei da farta luz que agora tem Quem caminhando em senda assim feroz Desvenda cada passo rumo ao quanto O amor se mostra sempre em raro encanto.
4
“Apanhando grinaldas, vem, ó Musa” Traçar com sonhos fartos; noites belas E tanto quanto posso no amor revelas Belezas tão sobejas dor escusa E sinto ferve em nós vontade tanta Diversa luz em tom melhor e raro E quando amor além em ti declaro Uma alma bebe a sorte e então já canta Ao vislumbrar então clarão imenso Sabendo sempre deste tanto amor E nele vivo com fartura a flor Plantada em luz ao se mostrar intenso Desejo traça a sorte quando vejo Em ti sobeja glória em tal desejo.
5
“igual ao mel” Bebo da luz Que reproduz Caminho e céu Desvendo o véu Em contraluz Tanto seduz Amor fiel Reserva a sorte Impede o corte Transcendo quando Transformações Agora expões Nos dominando...
6
“e os anetos exalam seu aroma” Tomando em minhas mãos tanto carinho E nele com certeza se me aninho A vida em tempestade já se doma, Não posso prosseguir sem ter a soma Da qual e pela qual jamais sozinho O mundo transformando pão e vinho Com força a cada passo ora me toma, Resisto a tanto amor? Nem mesmo quando Pudesse resistir, mas me adentrando O quanto posso ainda acreditar No verso mais feliz, a dor se aplaca O amor fincando em mim a mansa estaca Permite novamente navegar.
7
“desabrocham as flores do carvalho” E delas eu percebo a bela senda Aonde tanto sonho já se atenda No quanto em farta luz em me amealho, Sentindo assim a sorte a cada atalho O quanto do prazer amor desvenda Não posso mais saber qualquer contenda Se em tanto brilho nunca me retalho Vagando por caminhos mais diversos Usando como bússolas meus versos Dispersos dias traço em luz enorme, E tanto poderia ser assim Amor domando cedo o meu jardim, Do quanto desejara sempre informe.
8
“Aqui num campo onde os cavalos pastam” Risonhas maravilhas, fontes claras E tanto quanto amor tu me declaras Os dias mais doridos já se afastam Os templos divinais só não me bastam Vivendo com ternura tais searas As sortes mais audazes; tanto amparas As dores vão além e se desgastam. Saber da plenitude deste encanto E quanto mais feliz, eu sei e canto O mundo mostra o brilho feito em sonho O quanto posso ter até reponho Cevando a glória e o fausto aonde posso Sentir divino encanto teu e nosso...
9
“uma sombra de rosas; cai o sono” E quanto me permito crer no todo A vida se traçando em tanto engodo Gerando a cada passo o quanto adono Do verso frágil manso tento e clono Viver fartura invés de dor e lodo Pudesse ter ao menos deste modo O amor querido e na verdade um dono Sabendo sempre o que talvez pudesse Sentir com toda a fúria a imensa messe Da qual e pela qual mergulho ainda Vivenciando o passo enquanto audaz E dele moldo a voz porquanto faz A sorte fera que este amor deslinda.
10
“em meio aos ramos; cobre este lugar” O corte dita o meu caminho em paz E dele todo mostra o quão mordaz O passo feito enquanto jogo ao mar A prenda lúdica traçando amar Se dela vejo o meu caminho e traz O quanto posso ou mesmo sou capaz E neste tanto quanto faço o altar Ao percorrer o meu sobejo mundo E quanto posso e mesmo enfim me inundo Do sonho vivo em tempestade atroz Sabendo deste sempre fero rio Aonde tento o verso e assim desfio Buscando tanto percorrer a foz.
11
“Aqui a água fria rumoreja calma,” E dela mesma se produz o canto Enquanto tento este possível manto Aonde todo fim traduzindo acalma E dele sinto mesmo terna luz Vencida pelo anseio medo ou corte E tento esguia noite feita um norte Aonde sempre ao adentrar conduz Traçando brusco caminhar presente Seguindo a sorte deste tosco mar E nele posso então viver o amar Diverso deste quando tanto sente A quem a noite transgredindo o sonho Deveras muito mais do quanto ponho.
12
“das folhas trêmulas Dos dias tais Meros cristais Do mar anêmolas Escassas vênulas Riscos iguais Aos magistrais Que ora em fórmulas Ditas prefácio Amor? É fácil? Bem sabes não Assim se vê Sem ter por que Nem direção.
13
“o odor do incenso” Amor refaz A sorte audaz Caminho imenso E quando penso Na minha paz Sede voraz Não recompenso No tanto posso No quanto faço Se tanto é nosso O que não traço Vivo remoço E me refaço.
14
“e dos altares sempre se levanta” A sorte tanta de quem sabe a luta E quando audaz se jamais reluta Vestindo enfim esta terrível manta E dela vejo o que se faz e espanta Quem tanto quis e na verdade astuta Percebe quando o caminhar disputa Com quem deveras ao sentir quebranta Pereço enquanto posso tanto ou menos Viver os dias que julguei amenos Ao mergulhar neste delírio insano E quando tento decifrar meu rumo Os erros fartos com certeza; assumo E sei deveras o meu próprio engano.
15
“ao redor há um bosque de macieiras” E nele sei do caminhar disperso Aonde tanto poderia um verso Falar da noite em que tu foges. Beiras. As sortes frágeis e deveras queiras Falar do quando se imagina imerso Quem pensa mesmo que se vê diverso Do quanto podem noites vãs, bandeiras E sinto cedo o tal terror sublime Aonde amor se mostraria um crime E sendo assim ao mergulhar além O quanto posso, mas jamais se crê No tanto quando procurar por que Embora saiba se esta luz convém.
16
“Eu vos rogo, ó cretenses, vinde ao templo” E sabei vós o que deveras sinto Neste vulcânico caminho extinto Enquanto amor ainda aqui; contemplo, Reflete então esta maior beleza E nela vejo o que não sei nem tento Calando agora em tanto amor o alento Sentindo mesmo ter tão grã pureza Quem na verdade ao se saber imensa Conhece o canto pelo qual me expresso O verso sáfico ao trazer começo Do encanto tal que deste amor convença A sorte rara pela qual a messe Sobeja glória em que este sonho tece.
VALMAR LOUMANN
|
|