MINHA PASÁRGADA

Data 14/04/2010 00:26:57 | Tópico: Prosas Poéticas





















É primavera. O sol raia lá fora e me chama para um novo dia. Olho da janela e parece que a vida se configura toda em um belo retrato: avisto uma montanha linda ao longe e algumas casinhas rústicas por entre caminhos de terra.

Aqui, na roça, o céu é mais azul e à noite, as estrelas podem aparecer. Além disso, os vaga-lumes são também estrelas pelo chão deste paraíso. A música silenciosa ao fundo dá alento à minha mente tão aturdida. Toda essa Arte acalma a minha alma angustiada da confusão metropolitana. Estou mais para vegetal ou animal silvestre. A “civilização” me amedronta e confunde. Tudo sofre de paradoxo. O que se diz de um jeito, se desdiz, em seguida, de outro.

Resolvo andar descalça pela terra ainda úmida e vou caminhando distraída, sentindo um prazer nos pés que se espalha por todo o meu ser, de repente levanto a cabeça e vejo, na frente da casa ao lado, umas crianças brincando de pique-bandeira (ali, ainda se brinca muito desta brincadeira). Cada uma traz no rosto um sorriso branco próprio de quem guarda no peito a liberdade de ser naturalmente criança, descontaminada. Admiro, perplexa e misturada.

Sento à beira do caminho e, percebo as cócegas das lágrimas correndo pela face. Fico parada a contemplar a brincadeira e a água do córrego seguindo seu curso, transparente e musical...


Lila Marques.

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