Versos, sub-verso e subversão

Data 24/07/2007 11:59:18 | Tópico: Poemas -> Dedicatória

Não encontrarás tua teoria em meus versos
Pois ela está escondida na sua subversão
No meu reverso, meu quantitativo universo
Eu escrevo a verdade, para a sua frustração...
~
Sou ao contrário de todos se puder
Não encontro lógica nesta sua narração
Pois sua boca relata as mentiras quando quer
É um homem de três letras, que vive da transgressão...
~
E se minha política lhe ferir, meu caro sujeito
Então comece a andar pelo outro lado da rua
Eu reconheço que não gostar também é seu direito
Como é o meu de gostar que você fique na sua...
~
Não me calo nem se fora por teu decreto
Minha consciência é limpa e não vivo na alienação
E vou seguir escrevendo de alma e peito aberto
Para pessoas que se encontram com ou sem noção...
~
Apenas me armando de minha voz plena
E escrevendo o que estou a par da situação
Coisas que pela lógica, o medo teu condena
Fazendo-lhe calar nesta sua escuridão...
~
Sou repórter de rua, e retrato as esquinas
Tenho o olho vivo, e mantenho meus pés no chão
Com tuas relações utópicas não me contaminas
E se gastares teu veneno comigo, gastaras em vão...
~
Nem diretas direções em variáveis diretrizes
De teus amigos que se escondem na confabulação
Eles pensam ser lobos, mas são meros aprendizes
Pois somente no inferno, e que vão terminar a lição...
~
E eu conheço ao meu chão, e nele piso com firmeza
Este mesmo que tu achas que é teu sem razão
Mas eu digo que não, e te dou esta certeza
Nestes meus versos, sub-versos e subversão...

Em homenagem a João Carlos Teixeira Gomes
<br />João Carlos Teixeira Gomes é ensaísta e poeta, professor de literatura brasileira na Universidade Federal da Bahia. É o autor do polêmico ""Memórias das Trevas - Uma devassa na vida de Antônio Carlos Magalhães", Geração Editorial - São Paulo, ocupa a cadeira nº. 15 da Academia de Letras da Bahia. Tem três livros de poesias publicados: "Ciclo Imaginário", "O Domador de Gafanhotos" e "A Esfinge Contemplada". Deste último, lançado pela Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1988, pág. 216, extraímos o soneto abaixo.


Soneto da morte sem susto

Minha única certeza é minha morte.
Virá festiva, com pendões vermelhos,
Provocadora com seu riso forte.
Mas me verá de pé, não de joelhos.

Pode vir de mansinho a forasteira
Ou numa orgia de ossos e fanfarras,
Com dois laços de fita na caveira
E o ágil chocalhar das finas garras.

Eu que os mares amei, e o sol tirânico,
Os flavos grauçás de dorso enxuto,
As moças de maiô e o vento atlântico,

Sereno hei de esperá-la em meu reduto.
E assim ao ver-me, sem sinal de pânico,
A própria morte se porá de luto.

João Carlos Teixeira Gomes



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=12866