 
  
    	Violeiro
    	Data 18/04/2010 15:25:23 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
 
  |  Já vais, companheiro, Tens o estradão por testemunha,  o palco, teu coração.
  Em terra de tenente. Subindo ladeiras, outeiro. Falando ao coração da gente em melodia selando teu compromisso   Fugindo do tiro certeiro Tocando tua viola, arteiro. Segue em frente Cantando por tua gente
  Lá vai, querendo teu povo levar à luta, Teu caminho é longo e é triste a espera,
  Mas, somente alcançar podem  aqueles que carregam a bandeira da paz,  quem sob o manto da liberdade e da verdade jaz,  inda que o dedo em riste te apontem   Vida, ainda que bastante sofrida, razão De ser, viola camarada, instrumento simbólico  de outras tantas batalhas, cântico para tantos que adormecem no chão, 
  Vidas esquecidas, mas o canto é maior que a vida,  supera a impostas mortalhas, renasce e acende as centelhas...     E o canto é geral, Nas esquinas, no cortejo fúnebre, mas a morte fatal, antecipada, encomendada, lúgubre,      De repente, tua voz entoa os acordes E a gente toda renasce do chão Feito rebento germinado pela chuva do sertão  E o teu breve cantar, nossa voz contra os lordes   Vida amarga, blindagem, coletes, sem liberdade Levaram-te pra tocaia, na sombra da impunidade  mesmo que a tua vida à bala tomem na terra que defendes, outras vidas brotam 
  Se em nossa consciência,  a dor de tua perda, tua ausência,  possibilitar um grito de revolta, que ecoe pais afora, teu canto volta...
  Calam tua voz, mas não teu canto, violeiro.
 
  AjAraújo, o poeta humanista, tributo a todos os violeiros que consagram sua melodia à defesa da liberdade e dos oprimidos, escrito em janeiro de 2002.
 
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