DEIXEM-ME A SÒS

Data 18/04/2010 16:51:36 | Tópico: Poemas

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PRESO

Deixa-me sozinho, não creio
Que a saudade me devore. Talvez
As mórbidas utopias que anseio
Me levem nas asas do receio
Indagando os meus porquês.

Deixa-me remoer a sós, isolado
Este desterro d’emoções doentio
Oculto no meu negro lado
A sete chaves guardado
O teu presente vazio.

Não me acompanhes agora, com tempo
Libertar-me-ei das amarras. Imagino,
Numa estrela do firmamento
Com lágrimas e sofrimento
Encontrar o meu destino.

Quero sacudir de mim a mágoa, o terror
Arrancando a ferros o pulsar da terra
Não partirás comigo amor,
É doutro mundo esta dor
Que minha alma desenterra.

Abandona-me sem tréguas, agora
A noite abraça-me a trote. Serei forte
Procurando a minha história,
Nobre guerreiro sem glória
Correndo d’encontro á morte

Procuro a paz interior, o convento
De orlas frias e escuras. Ficarás,
Recebendo as novas do vento
Palavras sem sentimento
Que o tempo... Não leva atrás.

Não vou existir por momentos, anos
Nesta mentira infernal e sem respostas
Qual frágil nenúfar dos enganos
Imortais, frágeis humanos
Carregando o mundo às costas.

Quero ficar perdido, sem rasto
No infinito deserto dos sentidos
Pérfido veneno nefasto
Que m’ofereceste a repasto
No leito dos teus gemidos.

Soltarei ao ar balões, de várias cores
Na despedida insignificante da partida
No mistério ambiguo dos rumores
Beijo roubado a tantas flores
Que paguei com a própria vida.

Uma lenda antiga d’encanto e pejo
Correrá o mundo de voz em voz
O dever cumprido depois dum beijo
O colmatar do desejo.
Mas agora...
Deixem-me a sós.

Regensburg
Beija-flor










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