Ponto de fuga

Data 20/04/2010 21:31:45 | Tópico: Poemas


Não fui sombra do meu sentir,
fui corda de guitarra em trinar alegre
num fado que espreitou sempre
para lá das ruas escuras
que lhe serviam de ninho.
Tracei destinos
num debruçar de deambulações
erráticas sem culpa formada
fui réu em julgamentos
onde presidia ao colectivo
absolvido em género,
condenado em juízo.
Desci as escadas da incompreensão,
calcorreei pedras de calçada
desfeitas nas nuvens ilusórias
que me perpetuavam a sensação de eternidade
e de novo sem culpas intravenosas
segurei-me no patamar das memórias onde fui feliz.

Não fui servo,
nem servi sequer a mim próprio,
fui gota de chuva trazida de reinos
onde a chuva não cai,
senti-me único entre pares,
rei sem reino,
traço sem tinta,
página de livro em branco,
costura sem linhas,
nau sem além mar,
de um mar sem sal.
Não fui nem sou,
sei que amei,
sei que amo.




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