Não fui sombra do meu sentir, fui corda de guitarra em trinar alegre num fado que espreitou sempre para lá das ruas escuras que lhe serviam de ninho. Tracei destinos num debruçar de deambulações erráticas sem culpa formada fui réu em julgamentos onde presidia ao colectivo absolvido em género, condenado em juízo. Desci as escadas da incompreensão, calcorreei pedras de calçada desfeitas nas nuvens ilusórias que me perpetuavam a sensação de eternidade e de novo sem culpas intravenosas segurei-me no patamar das memórias onde fui feliz.
Não fui servo, nem servi sequer a mim próprio, fui gota de chuva trazida de reinos onde a chuva não cai, senti-me único entre pares, rei sem reino, traço sem tinta, página de livro em branco, costura sem linhas, nau sem além mar, de um mar sem sal. Não fui nem sou, sei que amei, sei que amo.
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