Sonho induzido

Data 21/04/2010 12:22:39 | Tópico: Poemas

Fechei os olhos, bem forte até cintilarem escotomas sobre as pálpebras serradas. Sabe o que vi?
Um jardim de margaridas faiscantes declamando poemas de amores errantes, distantes e fugazes. E ouvi com os olhos os lamentos que o vento insuflava monótono aos quatro cantos. Para estes fiquei surda. Apenas interessa a língua das margaridas a beijarem minha fronte fazendo-me divisar além do horizonte o jardim das musas que dançam nuas à lua das letras. Assim conheci ele, esse moço de olhar sagaz e sedutor. O sonho. Que me namora sem eu saber, que me deflora sem doer.
Sim, estava lá ele, de olhar rasgado, cabelos negros, olhos verdes, olhando-me sem piscar. Apenas estendeu-me a mão e sem abrir a boca disse-me: "Sejas minha, venha." Obedeci. E sem perguntar foi despindo-me, assim, sem mais nem menos. Puxou-me ao encontro de seu peito beijou-me e saímos a correr nús pelas dunas até o mar. Ali as sereias cantavam enquanto amava-mo-nos ao sabor da maresia, que lá, dentro dos meus olhos, chama-se poesia.


Este texto surgiu como comentário a um texto da colega Vony.
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Grande abraço.



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