Soneto sem fé

Data 22/04/2010 11:35:49 | Tópico: Sonetos

Esfuma-se a fé na ribalta dos sonhos
Na película seda das nuas folhagens
Há um verde em meus olhos tristonhos
Cristal humedecido, sombra de ramagens

Pluviam-se rios de lágrimas contrafeitas
Arrastam-se dores no leito dos tempos
Almas aturdidas, esperanças desfeitas
Música que oiço sempre a contratempo

Há um limbo emergente, feito de nada
Sírios sem padroeira, ateus de memória
Um devir ausente pela madrugada

Roçando a apatia, entregue à sorte
Resta agora a vida que se vê lá fora
É noiva de luto, boda sem consorte




Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal



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