
Noctívago
Data 25/07/2007 14:18:06 | Tópico: Poemas
| Adentre-me, cala-me se for possível Desvia-me destes caminhos sem retas Joga-me nas tuas curvas, meu ser aprazível Corrija-me, se estiveres realmente certa... ~ Siga-me, se eu vagar por sua madrugada Sendo-me à noite, e eu este seu noctívago Exploro-te, mesmo sem procurar nada Mas se virares terra, eu serei o seu geófago... ~ Tenho hábitos estranhos, sinto-me ser diferente Mas encontro em ti noite, um algo singular Que me faz te amar, sem medidas, incoerente Vagando em você, onde o silêncio se faz reinar... ~ Mas cabe a você agora dizer quem eu sou Ao lhe deixar uma rosa branca na partida Sê noctívago, que aos teus olhos noturnos revelou Ou um homem de mil faces, que uma a uma você elucida... ~ Mas saiba que há um silêncio dentro de mim E dentro deste meu silêncio há uma flor É uma flor noturna, tão suave como o cetim Mas que deveras fica resignada ao meu alor... ~ Porque eu estou em eterna partida como o vento Como se fugisse, mas quero é mesmo te explorar Sinto às vezes como sê não tivesse sentimento Mas sou noctívago, e a noite é o meu lugar... ~ Então na noite, se faça a minha rainha da tempestade E nesta madrugada o meu céu escuro venha clarear Com teus raios e relâmpagos, a minha insanidade De quem na sua devastadora chuva sê pôs a vagar... ~ Chamando aos anjos do escuro que almas ceifavam Para jantar junto com as criaturas das encruzilhadas Observando taciturnos movimentos de casais que se amavam E a este noctívago, que também te amava na madrugada... ~ Onde reles reis, tronos e supostos reinados Figuraram desfigurados, a se esmorecer Foram derrubados, e imediatamente calados Pela insônia noctívaga, deste império de seu ser... ~ E se for por tuas mãos a minha gólgota Confessarei-lhe o meu sadismo, e sei como o fazer E para esta ocasião que não se faz remota Eu surro-lhe com a flor, só para te dar prazer... ~ Sou noctívago, e quando a noite começa ir embora Sinto também que já é minha hora de partir Pois o galo canta, espalhando ondas sonoras Enquanto o escuro começa sumir... ~ Então também vou me afastando lentamente Expulso pela luz, na chegada da aurora E vou me encontrar novamente reticente Quando lá no poente, o sol novamente ir embora... ~ E esperarei a noite, e nela que você me adentre Que me cale, que me desvie do caminho Jogando-me na madrugada deste teu ventre Onde entre teus seios, deposito meus carinhos... ~ A minha poesia é como ondas quebrando na enseada É como o mar que elegante reflete a lua Mas sou notívago, solto por sua madrugada Marcando meus passos, no deserto destas ruas...
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