Jeropigas de sonhos

Data 28/04/2010 20:32:37 | Tópico: Poemas

Eram verdes, tão verdes
Como o amor, que elas queriam
De borracha risonha
Beijos soprados ternos e maternos
Contornados de magia

As árvores esperavam
De véspera o segredo
Que a noite trazia
Mocidade de sonho
Veloz de iguaria

Tão verdes, tão verdes
Que elas não sabiam
Que rolavam sinas
Nos degraus fantásticos
Onde elas se vestiam

Os degraus, as saias
As mãos sem degredos
O sol nas alturas
Coberto de loucuras e medos

Quando davam as mãos
Não sentiam os troncos do vedo
Na liberdade do vento
Nos desejos da música em acerto

E agora no tempo
Cortaram as árvores
Que resistiram ao credo
E no papel segredam
Receios do silêncio, no cimento
Que ali ficou quedo

Caíram as folhas
Nos degraus dos musgos
Perdidas na era
De ventos e quimeras
Libertando Outonos
Jeropigas de sonhos

Em belas primaveras
Que as árvores de borracha
Não queriam em talas
Para elas guardadas
Mortas e afanadas
Nas salas de espera



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