
Vespertino
Data 30/04/2010 16:13:02 | Tópico: Prosas Poéticas
| Agora o sol se faz de pequena fogueira, anunciando um inverno que é puro vazio. Deixo que meu coração se deite sobre a miragem da janela e imagino um momento breve, que embale as minhas retinas, onde eu não me possa comparar a quaisquer transparências. Lá fora as pedras levantam um império de memórias; estilhaços agudos de erros cravejados no caminho, por cuja extensão os meus passos se contraem, tortos, presos à severidade do arrependimento . Toco-as com a imprecisão de minhas mãos exaustas e não posso crer em sua aspereza, em seu peso que tanto fustiga o chão; sem igualar-me à sua substância. Alheia à duração da cena, uma lágrima opaca rompe o silêncio do meu rosto desfeito.
Do muro e de sua sombra que se agiganta, é que falo.
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