A vida é terra
os voos são o céu,
sonhos marés de realidade
acordada
no vértice de uma esquina
por onde vagueio
como cigarra sem lei,
sob ramos que escutam o vento
nascem os meus poemas
sem métrica nem rima,
num prumo meu…

Aquilo que faço, sou eu
um todo de tudo
um pouco de nada…

Não discuto os sábios
nem reprovo o rigor da palavra,
não perco as frases
num pó desgovernado
por um pequeno nada
que muitos fazem grande…

Nunca fui perfeita
nem busco a perfeição!
Sou o canto do povo
onde o povo é rei,
rainha sem coroa
com o diploma da vida…

A forma singela é o rumor
que faz bater o peito
no pequeno fragmento
que é o meu estéril saber!
Mas o meu colossal entender
a amplitude da terra!

Os meus versos
não são mastros
nem bandeiras da pátria!
São véus desfiados
em fios ténues
como ténue é o meu conhecimento!

Vagueio
como sempre vagueei,
sem lei!
Com orgulho do pouco que sei!
Viajo no universo das palavras
em confidências de poesia
mesmo sendo vazia
aos olhos do douto mestre
sábio e rei no trono do rigor…