
À Rosa, minha mãe
Data 04/09/2006 01:12:59 | Tópico: Poemas -> Amor
| Singular em qualquer gesto, Divina e soberana És inabalável, Mesmo em corpo carnal e limitado. Ofereces a ingratos o teu beijo doce, Ocultando frequentemente o gosto amargo Dos desapontamentos que carregas. Teu sofrimento secreto É companheiro em noites insones, Mas não pedes a Deus fardos mais leves. Vigias em oração por filhos amados Para nada em troca receber. És mãe de corajosa esperança Mesmo quando nada mais resta, Quando afundam teu barco em rios turbulentos, Em mares de tamanho assustador. Esqueces teus sonhos tão adiados Para ser bálsamo milagroso A uma dor que não é tua Mas que te fere com violência. Para corrigir filhos desajustados Tu dizes que farás o que nunca vais fazer, Prometes castigos que nunca empregarás, Porque em ti só habita o bem e o reconforto, Não sendo capaz de vingança Ou de ressentimento. Com frequência, vês o amor que espalhas Convertido e envenenado, Desprezado em teu próprio lar, Ainda inacabado. Nada fazes senão justificar a ingratidão filial Com argumentos que reservas Para situações lamentáveis. És capaz até de punir a ti mesma Para preservar imprudentes filhos. Fizeste, mãe, do teu mundo, Um sofrer que é sem fim, Porque tomas para ti culpas e dores Que só confessas em oração. És o significado absoluto da vida, A identidade perfeita do amor. O pranto santo que te molha a face, Qual chuva quente em terreno frágil, É divino amor que em ti transborda. Alegra, mãe, teu coração profundo. Reconforta teu rosto triste, Porque Deus soletra teu nome na amplidão E redecora o paraíso De amor, triunfo e glória, Para ti, mãe adorada. E prepara um vento doce, terno, Que virá descansar teu corpo...
Para ti, Rosa, Rosinha, mãe de mim e de meus filhos, e dos filhos que eles hão de ter, escrevi isso há tempos, mas é moderno, porque você, mãe, é só o que de verdadeiro existe em mim. E o meu amor, em umidade escrito, de lágrimas molhado, nunca haverá de encontrar palavra alguma que aos outros possa significar você. Te amo mãe, e é só o que me basta! Não me chores, mãe! Ainda vivo, por ti, linda flor, que os outros chamam Rosa, e eu chamo... Amor!
Brasília, 12 de maio de 2007.
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