Um travo amargoso de fel...

Data 03/05/2010 15:06:35 | Tópico: Textos

São tão pequeninas e insignificantes as vidas daqueles que se julgam grandes só porque medem os tamanhos das coisas pelas medidas daquilo que consideram ser o mais relevante, mas que, na verdade não passam de pobrezas de alma bem impregnadas na mente pedante dos que se julgam superiores e não se cansam de secar as gargantas com longos discursos entediantes, monopolizando atenções dos que, por uma qualquer força relacionada com os princípios da moralidade e da educação, não lhes conseguem virar costas...
Conheço alguns espécimes destes, que, sempre que os ouço discursar com os peitos inchados de um patético orgulho só porque costumam frequentar determinados locais da moda, têm automóveis e telemóveis sempre novos e vestem marcas xpto (pelo menos enquanto os cartões de crédito lhes permitirem, nem que para tal se tenham de privar de outras coisas que não dêem muito nas vistas...); porque ao fim e ao cabo, o que realmente importa é manter a pose!
E como se não bastasse, os seus filhos são uns iluminados, claramente melhores do que os filhos dos outros, porque seguiram os mesmos padrões de vaidade e cagança, por eles incutidos desde tenra idade. Portanto, logo superiores a quaisquer outros!
Rio-me interiormente,(não lhes fosse riscar alguma coisa na pintura dos seus grandes egos imaculados) mas, contudo, não deixando de sentir ao mesmo tempo uma certa pena. Pena pelo engano daquelas almas que assim desperdiçam o sentido das suas vidas, preferindo viver naquela espécie de torpor extasiante que os endeusa e mantém meio palmo acima da terra… ignorando ou menosprezando os que os rodeiam e que não se regem pelos seus valores.
Depois de discursarem (talvez para ninguém) e cegos da solidão ludibriadora que entretanto os absorveu sem que ainda se tivessem dado conta de tão ofuscante ser a luz dos holofotes por sobre as suas cabeças, adormecem à sombra das futilidades que amontoaram em seu redor, como se isso lhes desse o passaporte para a felicidade que não têm mas que fingem sentir.





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