Eis que aparece a poesia

Data 04/05/2010 00:37:37 | Tópico: Poemas

Suas palavras apregoam,
Ventos levam às várias voltas
Do cais, quando partiu, Rio de Janeiro, ensolarada.
Às terras com araras voando ao horizonte,
Por vezes tão quente, outras, frio.

Gente passava, palavras, sorte, tão longe.
Não sabia ao que pertencia. Nada era seu.
Todos os dias pensou em partir, mas para onde?
Voltar não era resposta,
mas uma nova derrota o acordava todo dia.

A chuva encharcava a terra vermelha,
Onde a mata não se criava mais, o sol estorricava a mesma terra.
O Ford velho vazava óleo, já quase não andava.
Ventania, tempestade e até um tornado levou as telhas do beiral da casa.
Na TV, no rádio, internet, jornais, nenhuma notícia agradava.
Desistir foi quase uma vocação.

Desta força inversa, da mais pura falta de opção,
Na total atenção ao que é desprezado, desprendido,
desprovido, dispensado, desiludido, aquilo que é realmente,
de alguma forma, jogado fora,
Em seu simples texto, eis que encontra a poesia.

Fabiano Reis



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