Nem sequer dos gestos

Data 26/07/2007 20:05:50 | Tópico: Poemas

Nem sequer dos gestos,
nem sequer dos actos a esvoaçarem-se libertinos
em asas aprisionadas de ternura e de pureza

… na incerteza

do corpo em cada ponto, preso,
ao cais de um porto epistémico em si.

No soporoso brado,
num Si de dor, num Si Maior,
dum projecto de destino, retomado
na grandeza delgada da partida.

Fugitiva, a aragem da tarde estarrecida
no amarelo dos teus dedos de cigarros.

Abocanhada, a alma,
na carne testamentária, numa rota de fado
e no brocado loiro do prado azul
a pulsar em arames farpados.

Repousas em chamas, nos olhos vítreos
de uma verdade desigualada onde descansam
agora os sonhos, projectados em espelhos de pudor.
Aos teus sonhos, embaciados em febres rubras e suor.

Dormes, vivendo e partes, assim!



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