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 É SEMPRE TEMPOData 07/05/2010 21:20:26 | Tópico: Poemas -> Amor
 
 |  | É SEMPRE TEMPO 
 Por entre a multidão eu procurava
 Alma gémea inscrita no meu caminho
 Na ânsia do meu querer eu buscava
 De entre a flor silvestre o azevinho
 
 Desde a aurora impaciente eu estendia
 Meu olhar perscrutador apaixonado
 Esforçava-me por ver longe mas não via
 Que tal privilegio me era vedado
 
 Incógnita criatura eu sei que eras
 Avara em te dares a conhecer
 Que não te arriscarias em quimeras
 Que eras Sol que brilha sem se ver
 
 Gritava dentro de mim a vaga esperança
 De algum dia o milagre acontecer
 Como se o luzir de etérea lança
 Operasse os olhos de um cego ver
 
 Inusitado à hora do poente
 Num tempo que o é de entardecer
 O sol em arrebol eloquente
 Parece algo ter para dizer
 
 Dos confins do tempo até mim chegaram
 Acordes de bem trinada lira
 A quererem dizer-me que se quedaram
 Do meu amor os requebros da safira
 
 Suma decepção de mim se apodera
 Que o mal se anuncie em sons inebriantes
 Para a quadratura ousada da esfera
 Não há das aves chilreios galantes
 
 Na desdita guiando os meus passos
 O destino entregue à minha sorte
 Despeço da minha vida os laços
 Que sem amor me torno sopro de morte
 
 Mas breve é o tempo da cerração
 Fugaz a hora da negritude
 Que ao longe se anuncia outra canção
 Essa que tem por solo o alaúde
 
 Assim da negra desesperança
 Não quis eu nunca fazer guarida
 Com as estrelas selei minha aliança
 Levando o meu fracasso de vencida
 
 Antonius
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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