ESTA VIDA DE POESIA

Data 08/05/2010 21:22:29 | Tópico: Poemas

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ESTA VIDA DE POESIA

Como se o tempo não tivesse nunca sido
Nas despedidas adulteras deste borrão
Levo no peito uma razão sem sentido
Carregando de porfias, meu caixão.
São beatas esmagadas no asfalto,
Estes medos de chumbo e de cobalto.

Como se a vida fosse o rasto dum cometa
Embalei na extorsão fértil da exiguidade
Embrenhado no calão, coisas da treta
E esbarrei contra a mentira da verdade.
Julgava ter o toque do rei Midas.
Nas paisagens de meus olhos estendidas.

Encontrei-me portentoso e me esvaí
Em rios levianos de fomento arqueiro
Como D.sebastião na bruma, me perdi
Augurando regressar no nevoeiro...
Eram as mãos que me ditavam o posfácio
Neste conto de ser rei, não ter palácio

Declamo-me em salmos, rasgo a farpela
Recolho do ventre os despojos de burel
Coaduno os sentidos de flanela
E lapido a minha vida com cinzel.
Esta vida de gazua é uma vadia
Azeda-me agremente o amargo fel
E faz nascer em mim esta poesia!

Regensburg
08-05-2010
Beija-flor



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