Guilhão
Data 10/05/2010 13:32:19 | Tópico: Poemas
| Depois que a chuva Tiver caído Depois que as lágrimas Tiverem lavado teus olhos.
Vais descobrir Que se tudo sumir O amor pode refazer Num piscar de olhos.
Depois que os trovões Tiverem falado Depois que os relâmpagos Tiverem sido despejados.
Vais descobrir Que se tudo acabar Ainda assim haverá Amor no mundo.
Quando estranhos Já não conversarem mais Aleatoriamente Indiferente aos nomes.
Quando as buzinas Já não tocarem mais Reclamando do beijo Que segurava o trânsito De sinal aberto.
Quando o despeito Tiver desistido De replicar E as ofensas sutis Passarem ilesas Sem resposta oposta.
Quando se deixar De dançar Em sonhos lúcidos Quando se deixar De respeitar Os trincos trancados.
Quanto toda esperança Tiver se amainado E no futuro longínquo As crianças se esquecerem Do pegapega e do escondesconde Quando toda alegria Estiver controlada E do sol só restar o pó Quando toda humildade Estiver soterrada E da perfeição só sobrar O julgo da utopia.
Ainda haverão rebeldes De corpo e alma Cortando os pulsos Pra regar de sangue A terra ressecada.
Ainda haverão guerreiros Artistas ativistas Se atirando coquetéis explosivos Bibliotecas da moral adentro Institutos do arrependimento adentro.
Ainda haverão imbecis Crendo em algo além Rogando sem vintém Evitando cuspir aos altos Focinhando trufas no alfasto.
Ainda haverão sublimes Esplendorosos doudos Afirmando o firmamento Do diamante etéreo que nos sustenta Reclamando óleos tônicos A lubrificar as engrenagens da razão.
Depois que a luz se apagar Depois que o som se afogar Depois do calor se esvair Depois da cor descolorir.
Ainda haverá eternidade Ainda haverá bondade Ainda haverão contatos Ainda haverão soldados.
Depois que a chuva Tiver vindo abaixo Depois que as lágrimas Tiverem rolado rio abaixo.
Se tudo sumir Irás ver Que num segundo O amor tudo refaz.
Depois que os trovões Tiverem cessado Depois que os relâmpagos Tiverem calado.
Se tudo findar Irás notar No mundo há de haver Ainda muito amor.
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