Quietude... (ii)

Data 11/05/2010 00:59:21 | Tópico: Poemas

(...e a Vida)



Devagar, devagarinho…
Vão-se os pais apaixonar,
E vem depois, mais um filho
Para vida continuar.


Devagar, devagarinho…
O soninho vai chegar,
Vão-se fechar os olhinhos
E a criança a dormitar.


Devagar, devagarinho…
A criança vai brincar,
Vai procurar um joguinho:
E à matraca vai jogar.


Devagar, devagarinho…
Cresce, cresce que é um ar,
Tem cuidado, cuidadinho,
Para na vida singrar.


Devagar, devagarinho…
Vai a roca a deslizar,
Para fiar esse linho
P’ro bragal acrescentar.


Devagar, devagarinho…
Os sinos a repicar,
Flores silvestres um raminho,
E Ave-Maria a rezar.


Devagar, devagarinho…
Vêm os netos p’ra animar
O avô que é amiguinho
Tem seus olhos as brilhar.


Devagar, devagarinho…
Com os seus pés arrastar,
Vai andando o velhinho,
Para ao jardim descansar.


Devagar, devagarinho…
Duas lágrimas a rolar
Pela face vai direitinho,
P’ra saudade mitigar.


Devagar, devagarinho…
Que a morte está a filar,
Mas um Anjo, com carinho,
Minha alma vai amparar.


Devagar, devagarinho…
Que ao Céu vai arribar,
Junto a Deus, por fim sozinho,
Para eternidade habitar.


Devagar, devagarinho…
O leitor vai perdoar
Que este verso tão “quietinho”,
Começou…, tem que acabar…



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