agora, tirar um curso de direito?

Data 11/05/2010 12:33:11 | Tópico: Poemas

Manuel, embaciados os óculos, estava a divagar na sua imaginação, a conspirar contra si próprio e a arranjar alternativas viáveis, quando um próximo se aprochega.
1.ei chefe! dê-me o jornal do povinho!
2.são 2 euros (camelo embriagado) e 50 cêntimos (deves bater na mulher, seu sacana) se faz favor (pelintra).
3.filho da virgem! então, mas que raio é isto? Devem pensar que estou rico! Seu canalha! de mim não leva nada!!
4.é o preço, meu senhor (haha bem feita, ficas a morrer de sede agora), contra factos não há argumentos.
5.nem morto lhe pago.
Manuel, de barriga cheia, engole aquilo que vem por arrasto, o cheiro de café feito. Que faço eu aqui, a vender jornais e apostas no euromilhões, quando há tanto espaço a ser utilizado em demasia.
O cheiro do café, kilos de batatas, permitem a minha sobrevivência, mas isto não é viver!
Quero viver! Quero amar! Quero não ter que fazer, não ter que morrer, morrer porque o corpo não desiste mas porque eu quero, morrer porque me apetece e não porque ninguém esquece, morrer pois a morte é um mistério precisoso no equilíbrio mundano. E eu sou mais um próximo que se aprochega, para ti um camelo estúpido, uma puta desavergonhada, uma mãe aflita, uma virgem hipócrita, um filho-Homem, um superhomem.
um herói fora do seu tempo, num espaço alugado, num vital momento moribundo, impressionante pensar nisto, se não o tivesse feito outro o faria da mesma maneira - mas a chupar no dedo.


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