POR QUANTO TEMPO MAIS?

Data 11/05/2010 19:59:35 | Tópico: Poemas


Alice recorda-se quando o pai lhe ensinara o método: fora em Paris, no Museu do Louvre, quando se encontravam naquela fila imensa que dá cor, movimento e justificação à Pirâmide. Ele afirmara, quando perguntado se valia a pena a espera, para ela olhar para trás e dizer o que via. Muita gente, filas intermináveis de pessoas. Mais do que as que estão à nossa frente? Seguramente, respondeu. Então, perante a sua estupefacção, afirmou, tranquilo: “Aguardemos, pois”.

Só adulta, começara a perceber o significado daquele estranho método de decisão e do acerto e generalização do princípio. Aliás, muitas vezes, punha-se como observadora junto de paragem de autocarro ou de bilheteira de um estádio de futebol: quem se encontrava em espera olhava repetidamente para trás vendo o tamanho da fila em vez de, como seria natural, olhar em frente, para tentar calcular o tempo que faltava.

O princípio evidencia, enfim, que a tese aparentemente tão bem elaborada por José Gil, o filósofo, estava no mínimo incompleta: o que, pelo menos no que respeita aos portugueses, o que os move não é apenas a inveja, mas saber que existe ou não alguém atrás deles. E o método é, infelizmente, cada vez mais válido, usado e generalizado.


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