
Sem glória
Data 27/07/2007 19:11:13 | Tópico: Poemas
| Proféticas as cabeleiras dos astros arrefecidos a esvoaçarem dispersas sobre a pele macilenta.
Não mais esperar pelo fim das tardes, nos cantos celestiais de primitivas aves - que neles se engoliram e se afogaram bicos alarves, em epopeias de saudades.
Da boca em chamas, ecos uivantes.
Lenta e pachorrenta, a fogueira acesa das vaidades engole todas as cores, sob a palidez sinistra do alabastro, em reminiscências sideradas e no decante de galerias ocas.
Nos ares, ao sabor das ventanias de veios verticais, minhocas circulantes erguem-se diabólicas à contradança da fuligem dos tempos esvaziados.
Na origem, nos anais do horizonte de púlpitos repassados, não mais papoilas, amoras rubras, doces uvas…
… apenas águas fluviais e a nudez plástica das conchas vingadas ao murmúrio dos gestos latos e fartos, dum Infinito riscado a espuma e giz.
E apagado, de si e da raiz. Sem glória!
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