«« Praga ««

Data 14/05/2010 08:30:42 | Tópico: Poemas

Se eu cantar em alta voz, cantarei o meu
Sangue, jorrando da garganta em chaga
Cantarei, uma mulher morta, a saga
De uma planície, que um dia viveu

Os sonhos de outros, o Inverno gemeu
Num frio cortante, uma promessa em praga
Um grito da alma, vazia a malga
Remoendo a fome, uma mulher morreu

Aqui e ali, gravado no chão sem brilho
Estampado nos rostos, olhar de gentio
Aqui e ali, presos os sonhos de um filho

Que se foi na guerra, sem nenhum pavio
Se eu cantar em alta voz, é meu gatilho
Solto no ar, sem arma e muito cadilho.

Antónia Ruivo

Ler mais: http://www.escritatrocada.blogspot.com


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=132611