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Data 14/05/2010 22:15:20 | Tópico: Mensagens

Confesso que ultimamente o Luso me faz sono, quem diria…
E faz-me sono porquê, vejo a pergunta a bailar nos vossos lábios.
O que sempre me moveu dentro deste site e me continua a mover é a escrita em geral, a boa ou a má, tanto aprendo com uma como com outra, com a boa, aprendo a superar os meus erros, com a má, a tomar consciência do que não se deve fazer com a palavra escrita.
Agora com o descabelar de palavras mal amadas que por aqui abundam, sinceramente nem eu nem ninguém aprende absolutamente nada, a não ser o deitar ao ridículo o nome de um site que é de todos, nós os que escrevemos e aqueles que aqui vêem para nos ler. O chorrilho de acusações, do tomar de dores, do corre, corre e do eu sou melhor que tu, faz-me azia. E o pior de tudo é que passa sempre pelas mesmas pessoas, mudam os avatares nalguns casos, noutros sai-se do site para depois voltar, não esquecendo a promessa nunca cumprida do vou-me embora que este sitio não me convêm, parece brincadeira em recreio de creche.
O grande mal disto tudo é que as pessoas se auto intitulam de escritores e poetas, publicam uns livritos que pagam com o suor do rosto, se calhar deixaram de passar férias nesse ano, mas publicaram um livrito ou meia dúzia, mas serão assim tão bons escritores que se dêem ao luxo de repudiar criticas, não será com uma critica mesmo que azeda que nós evoluímos muito mais que com um elogio tendencioso, ou mesmo de coração, quem se julga o melhor depressa se esquece que tem que se superar todos os dias, se quiser se realmente bom, e ser bom não significa que se seja melhor que outro qualquer, aparece sempre mais adiante um melhor que nós.
Mas existirão assim tão bons escritores dentro do site, existem dois ou três que fizeram da escrita o seu modo de vida,e esses entram postam os seus poemas e voltam no outro dia ou passadas umas horas sem incomodar ninguém, esses não perdem tempo a olhar para o umbigo, porque devido à profissão que abraçaram sabem que se não respeitarem a escrita perdem o ganha pão. O resto…. Em quantos programas de televisão já apareceram, quantos livritos venderam sem ser aos amigos e os que não venderam aos amigos carregaram-nos debaixo do braço e andaram a mendigar para que os comprassem, se estiver errada corrijam-me. Fora da zona habitacional quem os conhece.
Pois é, se por acaso são conhecidos na esfera cibernauta, em grande parte a este site o devem e ao Mentor deste Site que tem uma paciência se santo para o chá de comadres que por aqui abunda.
E os outros aqueles que não publicando se julgam tão bons mas tão bons que não aceitam critica seja ela de que espécie for,ai de quem me critique ou corrija, a esses digo, estão no sitio errado, é sabido que o poeta é mais louco que qualquer um, se querem só palmadinhas nas costas, que tal um massagista, ou um endireita tanto faz.
Conselhos, só os toma quem quer,mas por favor ag leiam mais do que escrevem, se realmente querem ser escritores e levados a sério, leiam os grandes e verão que tirando um ou outro a maioria não escreveu só sobre rosas e borboletas, e quezílias entre poetas sempre existiram.
Deixo um exemplo de um dos maiores deste país. Criticava e era criticado, tanto aceitava o sorriso como o desdém, tanto respondia com um sorriso como com desdém.
Quem tem o dom da escrita, deve respeita-la e só assim será respeitado
O homem ou a mulher como ser humano é uma coisa, o poeta é outra completamente diferente, até as alfinetadas servem para evoluirmos, e para que essa evolução aconteça precisamos de privar uns com os outros enquanto poetas.
Deixem a azia de lado e escrevam com cabeça se faz favor, o Site só ganhará com isso.


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A um que não sabendo escrever o seu nome dizia que os versos do autor eram errados.

Cara de réu com fumos de juiz,
Figura de presepe ou de estremez.
Mal haja quem te sofre e quem te fez,
Já que mordeste as décimas que fiz

Hei-de pôr-te na testa um T com giz,
Por mais e mais pinotes que tu dês;
E depois com dois murros ou com três,
Acabrunhar-te os queixos e o nariz.

Quem da cachola vã te inflama o gás,
E a abocanhares sílabas te induz,
Oh dos brutos e alarves capataz?

Nem sabes o ABC, pobre lapuz;
E pasmo de que, sendo um Satanás,
Com tinta faças o sinal da cruz

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O Ciúme

Entre as tartáreas forjas, sempre acesas,
Jaz aos pés do tremendo, estígio nume (1),
O carrancudo, o rábido (2) Ciúme,
Ensanguentadas as corruptas presas.

Traçando o plano de cruéis empresas,
Fervendo em ondas de sulfúreo lume,
Vibra das fauces o letal cardume
De hórridos males, de hórridas tristezas.

Pelas terríveis Fúrias (3) instigado,
Lá sai do Inferno, e para mim se avança
O negro monstro, de áspides (4) toucado.

Olhos em brasa de revés me lança;
Oh dor! Oh raiva! Oh morte!... Ei-lo a meu lado
Ferrando as garras na vipérea (5) trança.


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O Suspiro

Voai, brandos meninos tentadores,
Filhos de Vénus, deuses da ternura,
Adoçai-me a saudade amarga e dura,
Levai-me este suspiro aos meus amores:

Dizei-lhe que nasceu dos dissabores
Que influi nos corações a formosura;
Dizei-lhe que é penhor da fé mais pura,
Porção do mais leal dos amadores:

Se o fado para mim sempre mesquinho,
A outro of'rece o bem de que me afasta,
E em ais lhe envia Ulina o seu carinho:

Quando um deles soltar na esfera vasta,
Trazei-o a mim, torcendo-lhe o caminho;
Eu sou tão infeliz, que isso me basta.


Manuel Maria Barbosa do Bocage.



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