Poesia do ânus
Data 15/05/2010 22:31:22 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| Eu escrevo a poesia do ânus cuja letra fecalíssima, intestinal escorre pelos canos e corre pelos campos, felicíssima à maneira de cavalos, ou de ciganos
corre pelos rios, seus caminhos minha poesia são cavalos-marinhos sem rédea, sem regra pela rede de esgoto corre o cocô, corre o potro de uma liberdade obscura, toda cega minha poesia é uma égua que corre pelos caminhos tortos de uma régua e que muitas vezes não é lida pelos vivos porque só aos mortos se entrega
Sim, os mortos me lêem e estão vivos nesse tipo de vida que é a literatura um novo tipo de sepultura que é estar lendo deitado, prostrado, paralisado numa acinética cultura de um pensamento acidentado
A poesia do ânus percorre canos que pelo chão abençoado diz aonde vamos - canais que se multiplicam assim como extensões anais sem fim jorrando para partes ignotas do subterrâneo os fluxos ou humores que sugais de mim
Úmero Card'Osso
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