a trilogia dos Fs

Data 18/05/2010 21:53:16 | Tópico: Crónicas


Lembro-me aqui há uns anos atrás que visita do papa era sinónimo de amnistia, os cidadãos normalmente cumpridores da lei de imediato, mal era anunciada a visita do João lá das romas, suspendia o pagamento das multas que tivesse em carteira que os asnos dos policias lhe tivessem passado. O papa apesar de já morto (só ele é que não sabia) lá vinha até às terras lusas arengar mais um segredo de Fátima e prontos, as multas iam para o caixote do lixo, uns manfios eram postos em liberdade e uns patrões viam alguns atrasos de impostos serem perdoados, era uma festa. Nessa altura sim fazia todo o sentido gritar a plenos pulmões: “viva o papa”. Agora nem isso de bom a santa visita nos trouxe, antes pelo contrário, o governo ciente do estado etílico que uma coisa destas de mãos dadas com o facto de ser final de campeonato com as habituiais burrices próprias dos doentes da bola aproveita para nos enfiar no pacote mais uma data de impostos sem dizer água vem e sem se dar ao trabalho de nos barrar vaselina ou vá lá, uma manteiguita como fez o Marlon Brando, no “último tango em paris”. Porra, e isto a sangue frio dói! O asno do Zé portuga lá foi agitar bandeirinhas ao papa e ao Benfica sem se dar conta do enrabanço de que estava a ser vítima.
Segundo parece o papa ficou muito feliz com a visita, gostou especialmente do coro de criancinhas que lhe cantaram à saída do mosteiro dos Jerónimos, não fosse a sua provecta idade e os saiotes que usa não dariam para disfarçar a excitação que sentiu, isto muito ao jeito das passagens bíblicas em que Jesus diz: “venham a mim as criancinhas…”. O cardeal Bertone como é mais novo não disfarçou o seu sorriso deleitado perante os rostos angelicais com as vozinhas a bradar aos céus. A bradar aos céus fiquei eu também com a coragem de alguns pais que lhe levaram os filhos para ele os babar com um papal ósculo. Esperemos que os mocinhos não acabem os dias nas obras do TGV ou da terceira travessia do Tejo que ainda vão muito a tempo pelo andar da carruagem.
O papa ficou muito feliz também pelos banhos de multidão que os parolos dos portugueses lhe prodigalizaram. Numa altura notei que o cardeal Bertone que também gosta de banhos de multidão (não toma outros o porco), segredou ao ouvido do papa: eu não te tinha dito que os palermas dos portugueses vinham na mesma agitar bandeiras apesar de andares a comer criancinhas? Hum? – ao que o papa anuiu lívido de contentamento. Custou-lhe um pouco aquela seca de estar a perdigotar missas todos os dias e ficou-lhe a doer o sacro cu da merda de cadeira que os camelos de paços de ferreira lhe fizeram e que agora no inverno vai dar uma rica chama numa qualquer lareira.
Tenho que reconhecer, o João Paulo era mais engraçado com aquele ar de moribundo que só lhe ficava bem e dava aquele ar de sofrimento pese embora o luxo em que tal como este vivia.
Fiquei muito aborrecido quando se foi embora no avião com as bandeirinhas de fora e dois jactos da força aérea a escoltá-lo pagos por nós claro, aí sim fui berrar para a varanda do aeroporto:
- E A PUTA DA AMNISTIA, CARALHO?
E é este o nosso fado, para completar a trilogia dos 3 Fs: Fátima, futebol e fado.
Já eu adoptei outra trilogia de Fs: foda-se, foda-se e foda-se.




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