NÃO ME DESCOSO JAMAIS

Data 20/05/2010 16:21:54 | Tópico: Poemas


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NÃO ME DESCOSO JAMAIS

No canto sombrio, da noite esmagada
Lufava o vento inóspito e desordeiro
Irrompendo possante, nas folhas cunhadas
Deste mundo atento à cor do dinheiro.
Sempre sopra nas vielas da desgraça
Os mil rostos deste tempo de linhaça.

Arrisco eu numa poesia, pressinto
Nas cores da montanha a céu aberto
Que este morto mundo é um labirinto
Perdido nas densas vagas do deserto.
São mares de areia, e as fortunas
As arrancam sem escrúpulos das dunas.

É macabra esta sofreguidão acesa
Que corrompe a dignidade e a falseia
Ser a mula esfomeada sempre presa
A dois míseros passos da aveia.
Se atropelam, se impelem em cascata
No desespero da ganância que os mata.

Serei igual aos diferentes
Ou diferente dos iguais
Trago cerrado nos dentes
Este jardim de olivais
As linhas com que me cozo
Não as descoso
...jamais...

Regensburg
20-05-2010
Beija-flor




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