"MULHER" - Dueto

Data 29/07/2007 16:26:21 | Tópico: Textos

Por vezes sentimos a vida a escorrer por entre dedos. A alma vai-se esvaziando, até nos sentirmos ocas por dentro. Nessas alturas, pequenas alegrias fazem-nos sentir fortes como se o mundo coubesse nas nossas mãos.

Escrevemos para nos libertarmos dos pequenos males da vida. Transformamos os sentimentos em palavras, e estas em sonhos e ilusões. Minimizamos o mau e tentamos mostrar o que gostaríamos de ter ou ser. Quando amamos, fazemo-lo de uma forma intensa, quando ignoradas, continuamos a amar.

É… a vida não é fácil… é difícil gerir sentimentos, - daqueles que nos magoa o coração só com um olhar - ou quando sentimos um nó na garganta apenas e só com um chorar.…


Quando somos novas o amor toma conta de nós, e apaixonadas, casamos com alguém que não tem defeitos, (são perfeitos), apenas mais tarde revelados a dobrar. Os filhos chegam e não sabendo dividir afectos, eles, os nossos meninos transformam-se no centro do universo do nosso amor. O outro é esquecido e quando ele chega, já estamos a dormir em cima da cama ainda vestidas e exaustas… é aí que o homem começa a amar…

Depois é a vez dos filhos amarem. Crescem e amam, a televisão, os amigos, amam tudo… é quando nós nos damos conta que estamos sós…
Então, tentamos voltar a encontrar quem amamos e quem nos amava… mas por norma já é tarde…

Talvez nesta fase, a mulher descobre talentos e vontades que tem em si e procura a realização pessoal. … Descobre-se a mulher e a solidão.

E é nesta simbiose de dores e cores desbotadas, que tentamos o equilíbrio. A solidão não nos agrada e aprendemos de novo a agradar quem amamos. Já somos maduras, a nossa beleza reside na experiência vivida, na suavidade do perdão, no sorriso cúmplice que acompanha um gesto até mais atrevido.

Existem momentos na vida, que a palavra final não deve ser pensada, mas sim substituída por inteligência geneticamente feminina. Por vielas estreitas, encontramos sempre uma praça, onde as flores crescem, os sorrisos abundam e a subtileza prevalece.

Assim somos nós, as mulheres de ontem, de hoje e certamente do amanhã: perfeitamente imprevisíveis, doces, amantes, mães, mas sempre Mulheres.


Rosa Maria Anselmo & Vanda Paz


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=13447