a última estrela na cauda da Cassiopeia

Data 28/05/2010 05:14:27 | Tópico: Duetos


esta noite se puderes. morreremos felizes. os braços entalados no pescoço, o cérebro vazio. nasceremos amanhã sem memória de outros dias. só este, em que me conheço no teu rosto. só este. finalmente estar quieto, parar de doer, também, deixar-me. trago um coração ao lado, espera, os vasos dilatados, sangue, grito, se não me comovesse assim o mundo, se nada me prendesse onde não estás. é este silêncio a entreabrir a boca e sentir o beijo. partir a alma com a tua voz, reconstrui-la nos lábios. resgatar a tua imagem, agora, abrir o peito, deslocar o coração. quero morrer contigo rente ao céu, fazer de ti a última estrela na cauda da Cassiopeia. adormecer então os dedos de chuva, em paz. não sei, de que falas quando estás vazio, quando te arrefeces, que distância faz entre os meus sonhos e os teus, de que saudade teces essa nostalgia. queria para ti uma terra nova, onde tulipas te segurassem a expressão feliz, onde não haveria espaço para ervas daninhas e urtigas. queria para ti um lugar nosso, tirar a casa do bolso.





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