CHEGAS TARDE

Data 29/05/2010 21:04:25 | Tópico: Poemas

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CHEGAS TARDE

Esta noite estou de vigia
O demónio vai aparecer
No rasgo da noite esguia
Sinto-o na porta a bater.
Esvoaça pela varanda
Encharca-me as provações
Espectro de alma profana
No leito das tentações.
Mas hoje senti mais cedo
Pronuncio, arrepio indolor,
Lacerando este rochedo
A que chamaste de amor.
Qualquer coisa germinou
Neste prado abandonado
Pedras que a vida juntou
No negro do meu negro lado.
E rolam montes sem sina
Cortam cabeças sem culpa
Na cegueira e na surdina
Que esta noite me sepulta.
Não venhas trazer-me flores
Não me ofereças paixão
És a última dos meus amores
A ferir-me o coração
Vai-te embora esbelta, devassa
Quero unir os meus pedaços
Que estilhacei na desgraça
Ao me prender em teus braços.
Não bates mais pois é vã
Partiste de livre vontade
Vens em pezinhos de lã
E chegas...
Chegas muito tarde.

Rregensburg
29-05-2010
Beija-flor



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