Clepsidra

Data 30/07/2007 19:01:09 | Tópico: Poemas

Na inutilidade de récitas soltas,
na penumbra de juras golpeadas
ao trevo vermelho de quatro folhas -
loucuras a flutuarem-se
no lago contaminado de saudade -,
quando me atrevo,
quando me lembro,
solto-te livre, solto-te mago,
epitáfio de um livro inacabado,

… sem páginas, há muito amarelecido
e nele, imagens estreitadas, hidratos sons,
desideratos oxigenados de vogais abertas
e de consoantes migrantes em plataformas
homocêntricas e equidistantes.

Dois pontos. No desencontro, no desaponto,
em contraponto. Doroteia de um sonho.
Clepsidra de um palco improvisado
na boca da vida.

Hoje, exactamente hoje,
as vocações escorrem-se em rios comprimidos
às mágoas marginadas das palavras

… lágrimas sem águas. No pousio,
secou o leito humilhado de um submerso rio.

Hoje, exactamente hoje e só agora,
no épico da memória, calhaus rolados, inopinados
de zonas fronteiriças, desenham ciladas
em caudais de areias movediças.





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