Leituras 4 - Egéria

Data 04/06/2010 20:34:36 | Tópico: Textos

Como não sei se amanhã terei possibilidade de colocar aqui outra das minhas leituras, após Margarete, José Ilídio Torres e Henrique Pedro, e antes de Júlio Saraiva, deixo-vos agora aquilo que considero sobre a Egéria.

Sinto falta da Egéria. Há já um bom tempo que dela nada encontro neste espaço.

Para mim até, como se costuma dizer, é bem feita, e digo-o porque julgo nunca ter comentado um único dos seus trabalhos.

Egéria é a poetisa do movimento, da cadência do poema que também é corpo, mas um corpo outro que só posso explicar como uma espécie de envoltório de luz que sobre o próprio corpo paira.

É nesse corpo outro, que a palavra poética cria, que todo o poema existe, melhor: a possibilidade do poema existe, isto porque Egéria reconstrói continuamente o seu poema.

É aí, nessa dimensão de corpo, que a poetisa colhe, como fruto, mas também como semente, da árvore do saber, para erguer a conquista do conhecimento do todo, como espaço vital e erotizável.

Neste gesto de colheita acorda uma sensação de pele, um toque, quase sopro, que se revela e que nos diz numa linha melódica predominantemente, tal como mencionei em Lisboa, aquando da apresentação do seu livro nessa cidade, num compasso ternário.

Em nota de rodapé, hoje deixo o seguinte: Egéria, vê se voltas porque os teus poemas fazem-me falta.

Xavier Zarco


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